quarta-feira, 11 de março de 2015

O que disse Fidel a Kim Il Sung e ao Povo Norte Coreano há aproximadamente 29 anos

Disponibilizamos aqui o discurso de Fidel em 1986, saudando o povo norte-coreano em sua visita ao país. Eis uma demonstração das fraternas relações entre Cuba e Coreia, e um exemplo do internacionalismo proletário.


Discurso pronunciado pelo Comandante em Chefe Fidel Castro Ruz, Primeiro Secretário do Comitê Central do Partido Comunista de Cuba e Presidente dos Conselhos de Estado e de Ministros, no banquete oferecido em honra à delegação do Partido e do Governo da República de Cuba pelo Marechal Kim Il Sung, secretário Geral do Partido do Trabalho e Presidente da República Popular Democrática da Coreia, em 8 de março de 1986, "ano do XXX aniversário do desembarque do Granma".

"Querido companheiro Kim Il Sung;

Queridos companheiros do Partido e do Governo da República Popular Democrática da Coreia:

Tudo parece distanciar Coreia e Cuba. Separam-nos milhares de kilômetros. Quando em nosso país começa o dia, na Coreia reina a noite; quando este país amigo está coberto de neve, nossas terras permanecem verdes e, ainda assim, Coreia e Cuba são nações irmãs. E nos unem, queridos companheiros, nossos sonhos comuns e a proximidade e a ameaça de um inimigo comum.

Gostaria de dizer, primeiramente, que visitar este heroico e revolucionário país, conhecer pessoalmente a seu grande líder Kim Il Sung, a quem nos unem laços estreitos de afeto e admiração, entrar em contato direto com o abnegado e fraterno povo coreano, era um objetivo firme sustentado durante longo tempo. Em meio à tensa luta em que está envolvida nossa pátria, durante muitos anos esperamos por essa oportunidade.

Devo expressar que as impressões recebidas hoje serão inesquecíveis.

Eu realmente não tenho palavras para descrever os sentimentos que experimentamos com nossa chegada à Pyongyang, frente às calorosas boas vindas e à extraordinária demonstração popular no aeroporto e nas ruas.

Não venho receber homenagens, venho render homenagem ao povo de Coreia e sua gloriosa e combativa história.

Viemos de muito longe para conhecer e expressar nossos maiores sentimentos de admiração e solidariedade a um povo que durante toda sua história jamais deu um passo atrás na batalha por sua independência, contra a opressão estrangeira e a exploração. Rendo tributo aos heróis que se levantaram historicamente com as armas em mãos, sob o guia do companheiro Kim Il Sung, contra a ocupação do militarismo japonês. Rendo tributo ao povo que resistiu mais tarde à bárbara agressão do imperialismo yanqui, reconstruiu a pátria em ruínas, forjou uma nova sociedade e, durante mais de 30 anos, manteve, nas condições de um país cruelmente dividido, com a parte sul da península convertida em uma agressiva base militar dos Estados Unidos, as dignas e inabandonáveis bandeiras da revolução e do socialismo.

O gesto heroico do povo coreano constitui, sem dúvida, um dos grandes acontecimentos revolucionários de nossa época e uma fonte permanente de inspiração para os lutadores e povos de todo o mundo.

Foi essa luta, unida à luta do povo cubano, a luta que fez possível que entre nossos dois países, tão distantes, tenham-se desenvolvido laços exemplares de colaboração e profundo sentimento de irmandade e solidariedade. Jamais faltou à nossa pátria, nos momentos mais difíceis, a mão quente e generosa do povo coreano. Da mesma forma, a justa posição do Partido, o povo e o governo coreano, favoráveis a reunificação pacífica de seu país, a decidida atitude frente as manobras e provocações do imperialismo e seus aliados na região, podem sempre contar com nossa mais vigorosa e decidida solidariedade.

Vivemos hoje tempos difíceis, nos quais é preciso fortalecer como nunca antes a  unidade de ação entre todas as forças da independência, da paz e progresso dos povos. Nunca antes a humanidade viveu tempos tão perigosos e complexos. A irresponsável política armamentista, de confrontação e força, aplicada pelo governo dos Estados Unidos, levou até níveis intoleráveis o perigo de uma guerra devastadora, da qual o mundo não poderia se recuperar. À escala local, o imperialismo incita a ingerência, a agressão e o terror. Somente nossa determinação e resistência mais enérgica e nossa irrevogável decisão de não ceder frente à chantagem poderão frustrar tais desígnios reacionários.

Mas o imperialismo não só agride aos povos com as forças das armas. Nossa época é testemunha do recrudescimento mais implacável do saque econômico e da exploração dos povos, especialmente os do Terceiro Mundo. A crise econômica leva muitos países a uma situação desesperada de fome, atraso e miséria. Associam-se a implacável dívida, as práticas criminais do dumping, o intercâmbio desigual e o protecionismo, que privam os países subdesenvolvidos e neocoloniais da América Latina, Ásia e África das mais elementares esperanças quanto ao futuro. Por isso dizemos e reiteramos que a decisiva batalha pela paz é inseparável, atualmente, da batalha pelo repúdio da dívida externa e o estabelecimento da nova ordem econômica internacional que pedem nossos países.

Chegamos à Coreia movidos por um profundo interesse político; desejamos também apreciar sua cultura milenar, e aspiramos conhecer ao máximo as admiráveis realizações desse povo e de suas experiências revolucionárias. Mesmo que o tempo que dispomos, por razões alheias a nossa vontade,  não será todo o que desejamos, estamos certos de que nossos contatos, nossas conversações com o querido presidente Kim Il Sung e com nossos irmãos coreanos, darão um novo impulso a nossa amizade, a nosso conhecimento recíproco, a cooperação e a solidariedade entre ambos partidos, estados e povos.

É verdade que atravessamos um época de convulsões e perigos. É verdade que enfrentamos desafios colossais. Entretanto, quando os povos podem desenvolver vínculos como os que hoje unem Coreia e Cuba, tão distantes geograficamente, quando o espírito internacionalista que anuncia o futuro da humanidade pode se manifestar com a intensidade que hoje presenciamos aqui, não temos a menor dúvida de que a vitória estará ao nosso lado.

E nessa ocasião, querido companheiro Kim Il Sung, queridos irmãos coreanos, permitam-me repetir aqui, como se estivesse em nossa própria pátria, as palavras de ordem que tem nos acompanhado ao longo de todos esses anos de luta, triunfos e esperanças: Pátria ou morte! Venceremos!

Queridos amigos: permitam-me brindar ao grande líder, companheiro Kim Il Sung, para que goze de uma larga vida e excelente saúde, de modo que possa continuar enriquecendo com sua experiência os conhecimentos revolucionários do socialismo e do movimento comunista internacional. Brindo também pelo querido dirigente Kim Jong Il. Brindo aos irmãos do Partido coreano e brindo a todos os irmãos coreanos. Obrigado." 



Traduzido pela equipe do Fuzil contra Fuzil

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